Sob
a influência do Conselho Pastoral dos Pescadores, uma pastoral social que diz
desenvolver um trabalho de defesa dos direitos dos pescadores de todo o Brasil,
os pescadores da região metropolitano do Recife estão agora se dizendo
preocupados com o projeto de requalificação da orla apresentado na última
terça-feira, pelo Governo do Estado em audiência pública.
Eles
estão viabilizando uma forma de reabrir o debate sobre o projeto de recuperação
da orla marítima dos municípios de Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão dos
Guararapes. O projeto que foi apresentado pelo Governo do Estado em uma
audiência pública e prevê a engoda das praias com sedimento de um banco de areia
localizado no Cabo de Santo Agostinho.
“Com
a retirada de mais de 7 milhões de M3 de areia, grandes impactos acontecerão na
vida dos profissionais da pesca artesanal, principalmente os que vivem no
município do Cabo: assoreamento das praias do município, queda na produção de
peixes, a extinção dos alevinos que ficam nos bancos de areias e a mudança de
correnteza que pode alterar a qualidade do pescado de toda a região
metropolitana. Sem falar que a dragagem influencia na vida marinha por depositar
óleos, resíduos e poluição sonora, afugentando os peixes, no entorno das jazidas
de areia”, reclamam.
Os
pescadores também dizem ser uma fragilidades do estudo apresentado não indicar
alternativas, citando apenas que 20% da areia necessária para a engorda das
praias será retirada do Cabo. “Fica a interrogação: de onde virá os 80% para
finalizar o projeto?”
Durante
a audiência, várias foram as falas dos pescadores em defesa da sua
atividade.
“O
que ficou claro é que o Governo não ouviu os pescadores, apenas realizou
encontros em algumas colônias, o que não representa o movimento como todo, para
saber as necessidades. O projeto como um todo não foi apresentado e o dialogo
com esses pescadores se deu na forma compensatória de uma bolsa financeira
enquanto a obra estiver sendo executada. Mas o que os pescadores e pescadoras
artesanais querem é dignidade e garantia das terras, águas, do trabalho, da
moradia e da perpetuação da cultura dos povos pesqueiros”.
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