Espaço diferenciado leva educação e carinho a crianças, em Pau Amarelo
ROCHELLI DANTAS
Da Coluna Folha Econômica
A creche do Mestre Jesus, em Pau Amarelo, Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), tinha tudo para ser apenas mais uma entre as milhares de creches que existem no Estado: um espaço onde as crianças podem ficar enquanto os pais trabalham. Mas, algumas características a tornam diferente. A começar pelas crianças atendidas. Elas têm entre quatro e sete anos. Algumas têm pais que passam o dia trabalhando. Algumas são órfãs. Outras, foram simplesmente desprezadas pelos pais, que preferiram enfrentar o mundo das drogas a encarar a realidade de ser pai. Aliás, as drogas estão assombrando a comunidade da Baixada do Mangue e da Favela de Pau Amarelo. Muitos moradores se dizem com medo. Por lá vivem, principalmente, pescadores, biscates e catadores de metralha.
A entidade foi criada há apenas sete meses. Época em que a falta de zelo chegou a um ponto extremo: uma criança morreu por negligência, como os vizinhos relatam. Foi o fato determinante. Os menores precisavam de um espaço para brincar, estudar e ter disciplina. E, assim, a pastora Vera Vasconcelos decidiu alugar um espaço para dar o apoio a esses pequenos. “Eu fazia um trabalho nas comunidades, distribuindo mantimentos e dando orientação. Mas, não estava sendo suficiente. Quando soube do falecimento dessa criança resolvi fazer algo para ajudar a mudar o futuro deles”, contou Vera.
Mas, o espaço encontrado é um pouco longe da comunidade, algo em torno de dois quilômetros. O problema foi resolvido por uma das mães dos alunos, Jaciara Maria. A dona de casa possui duas charretes que são puxadas por burros. E assim as crianças são levadas para a creche. O transporte é um pouco apertado, afinal, são mais ou menos 20 crianças em cada uma das carroças. O esforço vale à pena. Na creche, as crianças contam com todo o apoio que precisam. Elas chegam por volta das 7h e se despedem às 16h. Ou seja, é no local que elas fazem as três refeições do dia. E ainda têm aula de Português, Matemática e Inglês. “Me vejo como a mãe dos meninos. Meu maior sonho é fazer com que eles se socializem. Temos um retorno. Hoje, eles estão menos agressivos até entre eles mesmos”, disse a pedagoga e também fundadora da creche, Rosa Gomes.
A creche se tornou um ponto de referência da rua Aristóteles Paes de Azevedo. O local está sempre de portas abertas. Um sinal de que todos são bem-vindos, desde que queiram ajudar, como diz a fundadora. E se engana quem pensa que no dia das crianças os brinquedos são os preferidos. Quando perguntadas sobre o que querem ganhar os pequenos tem um único desejo: roupas.
Fonte: http://www.paulistaem1lugar.com/
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